Dois finais de semana se passaram desde o dia que decidiu ter coragem. O
dia havia sido puxado, problemas familiares, cansaço emocional, mental.
Farto. Precisava literalmente sair, ir para um lugar sem quaisquer
chances de trombar um conhecido ou que houvesse qualquer coisa que o
remete-se ao caos de onde queria fugir. Estava parado no estacionamento
do “pub” há alguns minutos. A neblina de cigarro dentro do carro era tão
densa quando a garoa do lado de fora. Fumou uns dois ou três enquanto
dedilhava o volante e ouvia música numa estação de hits anos 80/90.
Definitivamente não estava a fim de entrar. Queria fugir pra um lugar
aonde não precisa socializar, porém ali, inevitavelmente ora ou outra
teria que “ou dizer as mais atiradas que estava esperando alguém ou no
mínimo acenar e pedir ao barman mais uma dose” ou teria de desocupar o
lugar. E embora o ambiente não fosse o que de fato procurava (silencio,
calmaria), por alguma razão ele se dirigiu pra lá (jamais assumiria, queria vê-la. Maldita mulher). Quando estava prestes
a desistir de se purificar no inferno, a viu pelo retrovisor. Dois
minutos depois, entro atrás dela.
Desta vez não sentou, apenas caminhou na direção de onde ela estava. Seu coração batia descompassadamente, mantinha as mãos nos bolsos porque provavelmente elas tremeriam e delatariam seu nervosismo, mentalmente contava até cem e dizia a si mesmo para controlar a respiração, não queria ofegar ou ter sua voz embargada pelo nervosismo. (o tal dia chegará, mesmo atrasado) Passou pela multidão, parou por alguns segundos na frente dela e antes que pudesse usar qualquer uma das frases que ensaiou, aproximou os lábios do seu ouvido e murmurou algo que nem mesmo ele se recorda ao certo o que foi, mas que deu muito certo. Ela afastou delicadamente o rosto e consentiu com um sorriso. Incrédulo mas envaidecido a segurou pela mão e a conduziu para fora. Na porta ela olhou pra ele e quis saber pra onde iriam. (era isso que ele havia sussurrado “vamos pra um lugar mais calmo”) Ele a puxou para o seu carro, abriu a porta e assim que ela entrou, deu a volta. Ali dentro havia um misto de cheiros. Cigarro, perfume masculino, aromatizador. Ela pediu pra que ele baixasse pelo menos um dedo de vidro. Não pelo cheiro, até porque, ela tinha gostos peculiares e este combo de odores era desses. Mas pela sua fantasiosa “claustrofobia”.
Acabou que não foram a lugar algum. E sem perceber, ficaram ali por horas, ele contou a ela que há muito o observava e ela confessou a ele que já sabia. Riram de coisas incomuns, idiotas e compartilharam gostos parecidos, perceberam familiaridades em algumas experiências de vida, desabafaram situações que nem mesmo os mais íntimos sabiam. Houve ali uma sintonia, uma ligação que alguns filósofos diriam ser de outras vidas. O sol timidamente vinha surgindo, o céu estava com tons alaranjados e roxos e só se deram conta do amanhecer quando o faxineiro colocou os sacos pra fora e o dono do bar fechava a porta. Sorriram. Ele puxou o cartão do bolso, ela colocou na bolsa, saiu do carro, deu a volta e debruçou na janela dele. Agradeceu pela companhia e pela noite mais estranha e prazerosa que já havia passado até aquele dia e ele agradeceu por ela tê-lo resgatado (ou se permitido sequestrar). Talvez eles não soubessem, mas naquela noite, tanto ele quanto ela, se resgataram. Combinaram de se encontrar qualquer outro dia. Ele a esperou sair, e embora estive cansado fisicamente, sua mente parecia uma metralhadora voltando cada minuto que passou com ela. Da hora que a viu chegar até este momento. De fato, agora concretamente podia dizer que ela era hipnotizante. Viciante. Era definitivamente como uma dessas drogas sintéticas que criam dependência imediatamente. Queria mais, muito mais. Mas não sabia como teria mais dela. Outra vez seria consumido pelos sintomas de ansiedade. Agora além do bar, das doses, do cigarro, seria a vez do celular. Quando ela iria ligar. Ligaria?
Desta vez não sentou, apenas caminhou na direção de onde ela estava. Seu coração batia descompassadamente, mantinha as mãos nos bolsos porque provavelmente elas tremeriam e delatariam seu nervosismo, mentalmente contava até cem e dizia a si mesmo para controlar a respiração, não queria ofegar ou ter sua voz embargada pelo nervosismo. (o tal dia chegará, mesmo atrasado) Passou pela multidão, parou por alguns segundos na frente dela e antes que pudesse usar qualquer uma das frases que ensaiou, aproximou os lábios do seu ouvido e murmurou algo que nem mesmo ele se recorda ao certo o que foi, mas que deu muito certo. Ela afastou delicadamente o rosto e consentiu com um sorriso. Incrédulo mas envaidecido a segurou pela mão e a conduziu para fora. Na porta ela olhou pra ele e quis saber pra onde iriam. (era isso que ele havia sussurrado “vamos pra um lugar mais calmo”) Ele a puxou para o seu carro, abriu a porta e assim que ela entrou, deu a volta. Ali dentro havia um misto de cheiros. Cigarro, perfume masculino, aromatizador. Ela pediu pra que ele baixasse pelo menos um dedo de vidro. Não pelo cheiro, até porque, ela tinha gostos peculiares e este combo de odores era desses. Mas pela sua fantasiosa “claustrofobia”.
Acabou que não foram a lugar algum. E sem perceber, ficaram ali por horas, ele contou a ela que há muito o observava e ela confessou a ele que já sabia. Riram de coisas incomuns, idiotas e compartilharam gostos parecidos, perceberam familiaridades em algumas experiências de vida, desabafaram situações que nem mesmo os mais íntimos sabiam. Houve ali uma sintonia, uma ligação que alguns filósofos diriam ser de outras vidas. O sol timidamente vinha surgindo, o céu estava com tons alaranjados e roxos e só se deram conta do amanhecer quando o faxineiro colocou os sacos pra fora e o dono do bar fechava a porta. Sorriram. Ele puxou o cartão do bolso, ela colocou na bolsa, saiu do carro, deu a volta e debruçou na janela dele. Agradeceu pela companhia e pela noite mais estranha e prazerosa que já havia passado até aquele dia e ele agradeceu por ela tê-lo resgatado (ou se permitido sequestrar). Talvez eles não soubessem, mas naquela noite, tanto ele quanto ela, se resgataram. Combinaram de se encontrar qualquer outro dia. Ele a esperou sair, e embora estive cansado fisicamente, sua mente parecia uma metralhadora voltando cada minuto que passou com ela. Da hora que a viu chegar até este momento. De fato, agora concretamente podia dizer que ela era hipnotizante. Viciante. Era definitivamente como uma dessas drogas sintéticas que criam dependência imediatamente. Queria mais, muito mais. Mas não sabia como teria mais dela. Outra vez seria consumido pelos sintomas de ansiedade. Agora além do bar, das doses, do cigarro, seria a vez do celular. Quando ela iria ligar. Ligaria?
Por. Bell.B