31 julho 2015

Fora de Mim


Depois de um maço, muitos goles de café amargo, um banho gelado no meio da estação que mais repudio no ano. Meu coração queima. Minha alma vaga.To jogada na cama com ele. Mas ela, 'Minha alma'. Deus... Esta ai na estrada.

Saiu de mim no momento que você me tocou. No momento em que me violou com sua força violenta de mostrar que nela ainda habita ele. Ela saiu... Ele chegou. Mas você me levou. Acho que sai com você. E fiquei aqui com ele sem estar em mim.
Por. Bell.B

23 julho 2015

Só Eu Vivi...





 Lembro-me como se fosse ontem, o exato momento em que decidi findar tudo entre nós e começar em mim, o que nunca mais teria fim. Acreditava que aquela seria a forma mais sensata de sanar, de fazer parar, de estancar. Estava errada. Nem por um momento, desde aquela maldita noite, findou. Sanou, deixou de latejar...

Recordo dos nossos momentos como se jamais tivessem sido vividos além dos meus sonhos.  A sensação que tenho é de que esses fleches, são cenas de algum filme que assisti, de algo que li ou mesmo parte de uma canção que ouvi e me apeguei por carência na tua ausência. Éramos tão perfeitos juntos que muitas vezes eu acreditava que tudo que acontecia entre nós estava ensaiado. Como num enredo perfeito, um roteiro meticulosamente escrito. Tudo em mim (co)respondia a você. Todos os meus sentidos eram atraídos pelos teus instintos como se fossem misseis teleguiados. Estar com você, fosse como fosse, era como passar o dia no parque de diversões ou como extravasar o estresse num bom drink e uma pista de dança até os pés implorarem por repouso . Era maravilhoso, era demais...  Eu mesma já não me reconhecia sem ti. Nada que eu fizesse sem você, tinha graça. Era como se eu não existisse e todo o resto fosse nada. Você preenchia as minhas lacunas, disfarçava as minhas arestas, fazia parecer normal as minhas loucuras. O quarto já não era mais frio e repleto daquela solidão dolorida depois que você chegou. Tudo parecia completo, repleto de paz. Mas aos poucos, como num conto ou numa ficção, tuas partidas pareciam mais reconfortantes que as tuas chegadas. E a tua mania de ir sem avisar, passou a ser menos traumática. E a convivência foi se tornando suportavelmente - só - necessária. Algo em mim estava errado. Fora do eixo. Tu não me descarrilava mais. Não me causava aquela louca e prazerosa sensação da descida da montanha russa. Pelo contrário... Parecia a parada dela. Quando se sente somente o alivio e por fim, os pés tocam o chão proporcionando segurança. Fui me acostumando com o que você tinha a me oferecer e domesticando o que eu esperava receber de você. Até que naquela noite resolvi pontuar os i’s e findar essa angustiante reciprocidade. Não era o bastante pra mim. Eu amava por dois e meu peito já não suportava carregar tanto sentimento. Dividir não era a condição, continuar multiplicaria e fatalmente seria letal, somar talvez fosse à solução, e eu pensei em discutir o assunto. Mas quando chegou, seus olhos não vieram com você. E percebi isso assim que seus lábios selaram os meus sem o sussurrar de “boa noite”. Naquele momento compreendi que com ou sem você, o fardo seria único e exclusivamente meu. A boca que tocou a minha não era a tua. As mãos que me percorreram, não eram a tua. Você não era VOCÊ. E foi nesse momento que entendi que nada do que havia sido vivido, havia sido por nós. Eu senti tudo sozinha. Deixar você foi a decisão mais difícil que já precisei tomar, me convencer de que tudo não era o que era foi doloroso demais pra mim. Ver a surpresa em seu olhar ao meu ouvir foi a coisa mais assustadora que já vivenciei, mas nada era mais assustador do que nos amar, do que carregar esse monte se sentimentos sozinha. Assim como continuei sentindo até ontem. É, ontem... porque hoje acordei disposta a deixar o passado pra trás. Esse que criei sobre nós. Despertei literalmente crente de que nunca houve nada de verdade. Além da verdade que eu acreditava existir sobre nós.
Por. Bell.B