Ela já havia passado por tudo. Literalmente tudo que se
possa imaginar sobre se reinventar, sobre se renovar, sobre se superar, sobre
morrer. Renascer. A esta altura do campeonato, é claro... Não imaginaria em hipótese
alguma que teria pela frente uma nova fase, outro teste, mais uma etapa. Mas
como sempre, encarou a batalha de frente, vestiu sua armadura e seguiu adiante.
Os dias passaram com um furacão e quando se deu por
conta, cravaram-se já dois meses, sua vida havia mudado da água pro vinho. Era como se ela tivesse sido roubada de si mesma. Estava numa fase intensa de (re)adaptação. Tinha sido virada não de ponta cabeça, mas do avesso. Ainda sofria de abstinência, lhe faltavam às
grades gélidas (que embora de aço, nunca há aprisionaram nos últimos 10 anos), o (re)soar do vento entre os vãos da veneziana, as luzes distantes
dos faróis dos carros (que por tantas e tantas noites escuras, clareavam a sua
mente). Este lugar que não era novo (já havia morado ali anos atrás) mas lhe trazia
sensações ruins. Era completamente diferente de seu antigo lar. Não tinha
escadas, nem elevadores, não haviam grades nas janelas e nem um interfone pelo
qual poderia se dar ao luxo de receber ou não uma visita. Estava literalmente aprisionada a liberdade daquela nova/velha casa. Sentia falta da "liberdade" que a "prisão" do apartamento lhe causava.
A janela principal não tem grades, dá vista direta para a
rua e mesmo assim, é impossível ver luzes de faróis (como os que por tantas
vezes a guiaram), a porta de entrada não esta de frente a 4 outras portas, como
a anterior, esta encara uma parede gigante e dá num corredor. A sensação que se
tem ao sair de casa é de que se esta entrando num labirinto. Embora seja uma única
muralha concretada. As cortinas não dançam mais com o vento, ela já não debruça mais seus cotovelos com sua xícara de café pra buscar conforto nas luzes noturnas ou buscar inspiração. O silêncio da
noite não a embala mais. As paredes de seu quarto, não são mais cor-de-rosa,
nem sua vida é mais...
... Mas como antes, como sempre, ela não desiste. Ela
segue em frente, de cabeça erguida e temente. É só mais uma fase, é só mais um
teste. E assim como em outrora, há de chegar mais uma vez há “sua hora”. E ela
espera, e ela busca na imensidão do céu sua calma. Porque ela sabe, ela tem
certeza de que todos esses novos machucados irão curar, e isso que esta
passando, será só mais uma história a contar.
Por. Bell.B