01 fevereiro 2013

Tarde de Quinta


Boa tarde amor meu...

Sabe de tantas coisas sobre mim, que em alguns momentos chego a pensar, que sabe mais do que a mim mesma. E confesso que isso me assusta um pouco... (mas só às vezes :p). É tão difícil não fazer bico, não franzir o cenho, não praguejar quando não esta. É tão complicado passar o dia a me arrastar e me atirar no sofá desejando que seja esta noite, à noite em que você do nada, aparecerá. Dói tanto preencher a falta que me faz com lembranças e momentos, pra não me sentir só comigo mesmo. Sou tão mais chata sem você... A primeira coisa que me passou pela cabeça, foi entrar na caixa do sedex juntinho com esta carta. Assim me teria tão mais logo do que pressupôs que eu lhe teria. Enquanto te escrevo, me perco... nos verbos, nas conjugações, nas colocações, de mim. Logo estou ai, do teu lado em silêncio, te vendo mordiscar o cantinho do dedo enquanto me lê, sorrindo de nervoso pra tentar esconder dos olhos famintos alheios, o quão te bagunço por dentro. Agora certamente pensou na canção, e ao me ouvir dizer isso, com muita certeza, deu aquele “suspirão”. Ai ai, quem explica? Quem define? Quem consegue dizer o que de fato temos ou o que há entre nós meu menino. São tantas as coisas que acontecem com você, comigo, conosco, que suspirar, respirar, puxar o ar, passa a ser tão você em mim, que tem vezes que faço isso repetidamente, só pra me dar ao luxo de ter em mim. A saudade bate, a insônia me acompanha, Lua me conta sobre você, meus suspiros são suas respostas. Um sms, um e mail, uma carta... é tudo. E com esse tudo, não precisamos de mais nada.

Também amo você muito e tanto, não demore a aparecer. Saudades, sempre e pra sempre...
... Pernoquinha.
Por. Bell.B

Quinta-Feira

Antes mesmo de abrir os olhos, a primeira imagem que invadiu sua mente foi o sorriso largo, doce, longo... Um que ela só via nele, quando ele a via. Apertou as pálpebras antes de abri-las totalmente e lentamente se espreguiçou. Foi nesta hora que ao tatear o espaço, se deu conta de que a “suposta manha matinal” não era mais necessária. Chegou a arder a vista quando se viu obrigada a arregalá-las. (Além do fato de ser muito mais cedo do que costumava acordar, fora também pega de surpresa com a súbita ausência.) Teria ela sonhado com sua presença? Teria devaneado e materializado a estadia dele na noite anterior? Estava confusa, mais do que costuma ficar nos primeiros minutos que acorda. Esfregando as mãos no rosto, a fim de acordar ou continuar a dormir, tentava achar respostas para várias sensações e perguntas que invadiram não só sua mente, afastando o “sorriso” que há minutos atrás a acordará tão docemente, como também seu peito. Que agora apertava como quem quisesse matá-la sufocada. E quanto mais fazia forças para respirar, mais o ar parecia que não entrava.

Olhou ao redor, lenta e minunciosamente, parecia até “farejar”. Enquanto tentava entender tudo aquilo, esguiou-se pela cama, sentou-se e foi tomando forças para levantar. Enquanto arrastava as pontinhas dos pés no chão a procura de seus chinelos, resmungava baixinho... “Não posso ter sonhado, não posso estar sonhando. Foi real, tão real...” Foi muito real, tão real que ela podia sentir a presença dele no ar, podia sentir nos braços, o abraço que ganhou ao chegar em casa na noite anterior. Sacudindo a cabeça, levantou-se e foi à cozinha. Ainda sentia a presença, e agora falava sozinha... “Devo estar ficando maluca!” ... Fez o café, e enquanto o tomava, observava o mundo acordar através da janela da cozinha, carros indo e vindo, pássaros cortando o céu em rasantes incríveis, as nuvens começavam o seu bailado numa cessão de exibicionismo para o Astro Rei. Tinha muitas coisas pra fazer, sempre tinha. Colocou a caneca na pia e voltou para o quarto. Tinha que se arrumar, não estava atrasada, teria tempo de sobra. Acordará cedo, e ainda se perguntava por quê. Ia tomar banho, mas resolveu arrumar a cama primeiro.

E foi quando puxou as cobertas que junto com a queda dos tecidos no chão, também cederam as suas pernas. Alucinação? Força da materialização? Mágica? Agora seu coração batia tão depressa que parecia querer saltar, fazia forças para ficar de pé, apertava as mãos para que elas parassem de tremer, e mesmo vendo a carta, seus olhos pareciam não acreditar. Rastejou até a cama, e com a pontinha dos dedos apanhou aquele papel dobradinho. Antes de abrir e ler, já podia imaginar quase tudo que iria encontrar ali. A noite anterior invadiu definitivamente sua memória, as lágrimas escorriam sem parar, sorria e tremia tanto que enquanto apertava aquele papel contra o peito, não parava de falar... “eu sabia, não foi um sonho, não estou maluca!” Esperou um tempinho para retomar o controle e começou a ouvi-lo, sim eles tinham esse poder. De se ouvir ao se ler, de se sentirem sem se ver. Ao terminar de ler pela 4º vez, olhou o relógio. Ainda tinha tempo, não muito mas o suficiente para respondê-lo. E foi o que ela fez. Calmamente respondeu a carta, e antes de colocá-la no envelope, a beijou. Um beijo cheio de ternura, gratidão e amor. E foi com este beijo que ao invés de selo, a carta ela selou. Correu para o correio, mas ao chegar lá, não enviou... não do modo tradicional, optou pelo "sedex" assim a certeza de que ela chegaria pouco depois do meio dia a fez sentir um pouco mais segura...
Por. Bell.B